quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

GAZA E AS REAÇÕES “DESPROPORCIONAIS”

O novo conflito que explodiu no Oriente Médio no final do ano passado não se constituiu em nenhuma novidade. Considerado nele mesmo e em seu contexto, trata-se de um desdobramento mais do que lógico. Para quem acompanhou o desenrolar dos acontecimentos desde meados do século passado, tudo isto era previsível. O que ninguém poderia prever é que em pleno século XXI seríamos obrigados a presenciar cenas que mais pareciam de um filme de terror do que de imagens de uma realidade humana.

Além de Gaza, completamente arrasada, se haver transformado num verdadeiro cemitério, nem as sepulturas foram respeitadas, e muito menos se conseguiu dar sepultamento digno aos que iam tombando vítimas de armas sofisticadas. Militantes, civis, mulheres e crianças, todos participaram de um mesmo destino: a interdição do último de todos os direitos, como já recordava Antígone, a mulher corajosa criada pelo teatrólogo grego Sófocles.


As cenas que apagaram as luzes do Natal se transformaram num testemunho vivo da insensibilidade e da irracionalidade que continuam movendo os destinos do mundo. É neste sentido que devem ser entendidos os inúteis protestos da ONU e da Cruz Vermelha, e de um grande número de personalidades em todo o mundo. A surdez diante dos protestos revela que a “razão” continua sempre do lado dos mais fortes, e quem teoricamente deveria ser detentor de uma força de paz, por razões conhecidas, se tornou incapaz de qualquer ação mais significativa.

É à luz de tudo isto que se compreende o aparecimento de um certo casuísmo vazio: até que ponto estaríamos diante de reações “desproporcionais” , ou até que ponto estariam sendo utilizadas armas “condenadas” por convenções internacionais. Concretamente isto significa que, ao menos de modo implícito, ainda hoje há quem julgue sustentável a tese de uma guerra justa, ou ao menos de uma guerra limitada.


Infelizmente os últimos dias de 2008 e os primeiros de 2009 nos mostram o quanto estão longe os sonhos messiânicos do capítulo 11 do profeta Isaías, de um tempo no qual o lobo e o cordeiro andarão juntos e as crianças já não precisarão ter medo dos escorpiões. Ou seja, as relações humanas devem ser repensadas a partir de outros pressupostos: não os do ódio e da vingança, mas do amor e da paz.

As cenas de Gaza foram tão chocantes que paradoxalmente se transformaram numa espécie de trágico sinal dos tempos. Se tiver a pretensão de poder continuar se atribuindo o adjetivo “humano”, a espécie humana deverá desistir do caminho das armas, para buscar, com todas as forças, os caminhos da paz. Investir em armas, mesmo naquelas consideradas como “aceitáveis” , não passa de uma ilusão: aquela de se poder estabelecer limites à violência. Hoje mais do que nunca, dada a força dos meios de comunicação, de uma forma ou de outra todos acabam se envolvendo na espiral da violência. Sabidamente esta sempre conduz a um mesmo trágico capítulo final onde não há vencedores, mas apenas vencidos.

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