quarta-feira, 22 de julho de 2009

A PALAVRA DA MODA



Uma conversa sobre a influência e inspiração de obras literárias na moda e na criação de figurinos

A jornalista Eleonora Alves é mestre em Imagem e Mídia, além de pesquisadora de história da moda. Ela atua como repórter especial da revista L’Officiel Brasil e vai fazer um bate-papo sobre moda com Marília Carneiro, figurinista de cinema e televisão que atua desde 1968, quando estreou sua profissão na película “O homem que comprou o mundo”, de Eduardo Coutinho. Marília estudou jornalismo na PUC e História da Arte na Sorbonne, em Paris. Desde 1973, ela está na Tv Globo. Foi dela o figurino da novela “Ossos do Barão”, de Jorge Andrade. Seus questionamentos partem da seguinte pergunta: “a moda te veste ou você veste a moda?” É o que ela procurará responder e explicar à platéia na quinta, dia 23 de julho, às 18 horas, na Sala de Convenções.

Quando se fala em Marília Carneiro, logo vem à tona a moda lançada por ela nas novelas, principalmente em “Dancin’Days” em 1978, de Gilberto Braga, quando inovou ao colocar a atriz Sônia Braga, que interpretava a personagem Júlia Mattos, com meias coloridas de lurex acompanhada de sandálias de salto fino, após sua virada na trama.
Em 2003, Marília Carneiro lançou o livro “No camarim das oito”, pela editora Senac. A publicação reúne relatos dos bastidores das produções (novelas e minisséries) da figurinista.
Abaixo alguns de seus trabalhos de figurinos na TV, em novelas e minisséries, e também no cinema:
Ossos do Barão, de Jorge Andrade - (1973). Curiosidade:Revolucionou o processo de produção de figurinos ao fazer o link com a moda, selecionando peças prontas para serem usadas em cena. Na época, todos os figurinos de teledramaturgia eram confeccionados pelo setor de costura da própria emissora, e não havia a prática de “garimpar” roupas em lojas, o que Marília Carneiro achava que dava mais agilidade às produções. Neste seu primeiro trabalho na emissora, ela teve de driblar as dificuldades enfrentadas pela introdução da cor na TV, encontrando uma série de limitações no uso de estampas, listras e cores.
O Rebu, de Bráulio Pedroso - (1974). Curiosidade: A trama se passa em apenas uma noite e os personagens usam um único figurino ao longo de toda a história.
Pecado Capital, de Janet Claire - (1975 – 1º versão). Curiosidade:Usou do recurso de trocar roupas novas por velhas com os moradores do bairro do subúrbio onde a novela foi gravada, para conferir maior realismo à trama.
Gabriela (1975), adaptada por Walter George Durst do original de Jorge Amado. Curiosidade: Para compor o visual dos personagens, Marília pesquisou em Ilhéus (Bahia), fotografias de moradores da região que pudessem ser usadas como referências na criação de roupas e acessórios. Besuntou a protagonista Sônia Braga com óleo, para que ela ganhasse um aspecto sujo e suado e, desta forma, correspondesse à expectativa do diretor Walter Avancini, que queria vivência na caracterização dos personagens.
Dancin' days (1978), de Gilberto Braga. Curiosidade: Marcou a geração que assistiu essa novela, com a cena em que a atriz Sônia Bragaaparece com meias coloridas de lurex, e sandálias de salto fino, caracterizando a personagem Júlia Mattos depois de ser “repaginada”. O modelito virou febre entre as jovens brasileiras.
Brilhante (1981), de Gilberto Braga. Curiosidade: Outra moda lançada por Marília foi o inesquecível lenço usado no pescoço por Vera Fischer. O acessório foi criado para disfarçar o corte de cabelo da atriz, curto e frisado, que não agradou ao público e teria incomodado até o compositor Tom Jobim, autor da canção de abertura, Luiza, feita especialmente para a personagem.
Rainha da Sucata (1990), Curiosidade: Deu o maior ibope o penteado de Regina Duarte, a intérprete da protagonista Maria do Carmo: cabelo preso com um laçarote na nuca.
O Mapa da mina (1993), de Cassiano Gabus Mendes e Luiz Augusto de Andrade Keller.

Explode coração (1995), de Glória Perez. Curiosidade: Esta foi a primeira novela gravada inteiramente na Central Globo de Produção (Projac), cuja protagonista fazia parte de uma família de ciganos.

Andando nas nuvens (1999), de Euclydes Marinho.

Uga Uga (2000), de Carlos Lombardi. Curiosidade: Os “tererês” usados pela personagem de Mariana Ximenes no cabelo, impulsionaram a adesão pelo telespectador.

O Clone, (2001), de Glória Perez. Curiosidade: Também fizeram sucesso os véus, panos e olhos realçados com sombra e cajal, popularizados pela personagem Jade, interpretada por Giovanna Antonelli, cuja segunda fase, teve figurinos assinados por Marília.

Celebridades (2003), de Gilberto Braga. Curiosidade: Malu Mader e Deborah Secco catalisaram as atenções: a primeira, desfilando com terninhos brancos, batas e um vestido de festa, usado em uma das cenas mais marcantes da trama, que arrebatou as telespectadoras; a outra, vestida como uma Lolita moderna, com micros saias, blusinhas justas, meias coloridas e sandálias de salto grosso.

América (2005), de Glória Perez. Curiosidade: Marília assinou o figurino junto com Maíza Jacobina. Os figurinos retrataram o universo dos rodeios e imigrantes ilegais, na primeira novela a ter cenas externas gravadas em alta definição.

Páginas da Vida (2006), de Manoel Carlos. Curiosidade: Dividiu a assinatura do figurino com Christina Gross.

Desejo Proibido (2007), de Walther Negrão. Curiosidade: Assinou esse figurino em parceria com Paulo Lois.

Caras e Bocas (2009), de Walcyr Carrasco. Curiosidade: Enfrentou o desafio de transformar a atriz Flávia Alessandra, marcada recentemente pelo personagem sensual “Alzira” em sua última novela“Duas Caras”, de Agnaldo Silva, em uma dona de galeria, rica e elegante, que ficará sem sua herança na fase nova da novela, mas que não perderá nem um pouco seu charme, sua elegância e nem o seu glamour! Digamos que será uma pobre de salto!

Minisséries – (9)

Malu mulher (1979), Curiosidade: O primeiro a ter um episódio totalmente gravado em alta definição.

Maria Bonita e Lampião (1982), de Aguinaldo Silva e Doc Comparato.Curiosidade: segunda minissérie produzida pela TV Globo. Também com figurino assinado por Marília Carneiro.
Quem Ama Não Mata (1982), de Euclydes Marinho. Curiosidade:Terceira minissérie produzida pela TV Globo. Também com figurino assinado por Marília Carneiro.

Rabo de saia (1984), inspirada em Pensão Riso da Noite, de José Condé, cujo roteiro final é de Walter Avancini.

Tenda dos Milagres (1985), que Aguinaldo Silva escreveu com base na obra homônima de Jorge Amado.

Anos Rebeldes (1992), de Gilberto Braga, Curiosidade: Marília Carneiro reproduziu nos figurinos os anos da bossa nova e da ditadura militar.

A Justiceira (1997)

A Casa das sete mulheres (2003), de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão. Livremente adaptada da obra de mesmo nome deLetícia Wierzchowsky, abordou o movimento farroupilha no Rio Grande do Sul e mostrou personagens como o líder gaúcho Bento Gonçalves, e os revolucionários Giuseppe e Anita Garibaldi.

Maysa, Quando Fala o Coração (2008), de Manoel Carlos.

Quadros especiais em programa: (2)

A vida como ela é (2001) – Apresentação no Fantástico com a participação de vários atores convidados por cada episódio.

TV Pirata (1988). Curiosidade: Comédia ícone nos anos 80. Deu visibilidade para o talento de atores como Regina Case, Guilherme Karan (Zeca Bordoada), Cláudia Raia (Tonhão), Ney Latorraca(Barbosa), entre muitos outros. Alguns dos personagens apresentados ali são relembrados até os dias de hoje.

Entre suas criações para cinema estão os figurinos: (25)

O Casal (1975), de Daniel Filho.

Gordos e Magros (1976), de Mário Carneiro.

Revólver de Brinquedo (1977), de Antonio Calmon.

O Bom Marido (1978), de Antonio Calmon.

A Dama do Lotação (1978), de Neville de Almeida.

Os Paspalhões em Pinóquio 2000 (1980), de Victor Lima.

O Cangaceiro Trapalhão (1983), de Daniel Filho.

For all - O Trampolim da Vitória (1997), de Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda.

Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000), de Zelito Viana.

A Partilha (2001), de Daniel Filho.

O Xangô de Baker Street (2001), de Miguel Faria Jr.

Harmada (2003), de Maurice Capovilla

Sexo, Amor e Traição (2004), de Jorge Fernando.

Mais Uma Vez Amor (2005), de Rosane Svartman.

Os desafinados (2005), de Walter Lima Jr.

Vinicius (2005), de Miguel Faria Jr.

Muito Gelo e Dois Dedos D´água (2006), de Daniel Filho.

Primo Basílio (2007), de Daniel Filho.

A Guerra dos Rocha (2008), de Jorge Fernando.

Sexo com amor (2008),

Se eu fosse Você II (2008), de Daniel Filho.

Tempos de Paz, Daniel Filho.
O Gerente, de Paulo César Saraceni – Inicia sua filmagem em maio 2009.

Serviço
SESC Quitandinha, Av. Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha
8ª edição do Festival de Inverno do Sesc Rio
Apoio: Sistema Fecomércio- RJ
Confira a programação completa em http://www.sesrio.org.br/

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