quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

OS MOVIMENTOS DA ARTE



Domingo a cidade acordou chuvosa, um tanto opaca com as enchentes que a assolaram na última sexta feira. E mesmo assim, dois espaços distantes um do outro puderam ver e aplaudir como a arte é capaz de mover os sonhos mais jovens em direção à construção de valores, multiplicação de saberes e oportunidades novas.


Na Praça de Nogueira, as notas perfeitas da Banda Marcial Imperial Petropolitana foram a trilha sonora de uma paisagem nebulosa, mas que trazia atenta uma parcela de público com olhares emocionados e corações vibrantes. Público este que a própria banda tratou de formar, divulgando pela comunidade, orgulhosamente, o espetáculo que estaria para começar.


Com o terno exposto aos respingos que competiam com a vontade de prosseguir a apresentação, o maestro Jibóia regeu a banda como se o sol aquecesse sua alma, emocionado por estar mudando o destino de dezenas de jovens. Como ele mesmo relatou, o seu maior pagamento é esse, a chance de encontrar no futuro um músico que ele ajudou a formar e que auxiliou no direcionamento do caminho.


A concentração dos jovens, a responsabilidade de todos, o orgulho de levar o uniforme e o nome do projeto ao público, mostra o quanto de formação este movimento artístico promove.
Não se trata somente de um projeto, mas de uma missão que abarca mais que a música: a transformação de futuros.


Ainda no domingo, outro momento emocionante tanto quando singelo emudeceu minha alma e marejou os meus olhos. Na Roda de Choro, ao lado do Taruíra, apresentaram-se os pequenos músicos do Centro Cultural Movarte.


Com flautas e vozes, brindaram o público com uma interpretação belíssima do hino "Carinhoso" - de Pixinguinha, e "Conversa de Botequim" - de Noel Rosa.


E fico ainda refletindo, como sempre faço, para que sublinhe mais e mais vezes dentro de meu cérebro e meu coração uma certeza que só cresce: para transformar o mundo, precisamos começar pelas crianças.


E isso somente torna-se possível se nós, adultos, abrirmos esse caminho com esperanças no peito, senso total de responsabilidade e sentimentos de entrega, como era notório perceber na expressão do Jibóia, com a Banda Marcial Imperial Petropolitana, e com Eliane Marzullo, do Centro Cultural MOVARTE.

E então, nesse domingo chuvoso, mesmo assolada pelas lembranças das enchentes de sexta, meus olhos luziram em festa, pois a PAZ nós promovemos todos os dias, quando enchemos os braços de arte e semeamos uma cultura autêntica, frutífera e transformadora no chão bruto dos nossos jovens.

Que eu possa estar sempre a serviço dessa engrenagem cultural abençoada, encontrando pessoas sérias e obstinadas como eu, Jibóia, Eliane Marzullo e muitos outros incansáveis que jamais perdem a esperança.

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